02 outubro 2012

Inventor do Bina luta por reconhecimento e disputa direitos autorais



"Ser Steve Jobs ou Bill Gates nos EUA é fácil. Difícil é ser o Nélio Nicolai no Brasil."

É assim que o homem que é considerado o "professor Pardal" de Brasília define o que considera sua luta "solitária" e "desgastante" em busca do reconhecimento da autoria de várias invenções.
Um dos inventos que constam de sua lista é usado no dia a dia pela maioria dos brasileiros: o identificador de chamadas, ou Bina.

Nicolai, 72, disse que o identificador foi construído no final da década de 70 em uma antiga máquina de calcular -nessa época ele era funcionário da Telebrás, empresa pública de telefonia, privatizada anos depois.
O invento é motivo de disputa judicial há 14 anos. Nicolai afirma que registrou o identificador pela primeira vez no início dos anos 80. A patente é de 1992.

Todas as operadoras de telefonia do país usam mecanismos identificadores de chamadas e Nicolai resolveu travar uma disputa jurídica: moveu processos contra a Claro, a Vivo, a CTBC e a Sercomtel. O processo contra a Claro terminou em março, após um acordo milionário.

Nele, Nicolai desistiu de ações na Justiça contra a operadora e abriu mão dos direitos autorais em troca de um valor, que não pode ser divulgado por causa de cláusula de confidencialidade.
Em uma outra batalha, um juiz de Brasília reconheceu a patente de Nicolai em um processo contra a a Vivo, a CTBC e a Sercomtel, condenando as a empresas a pagar ao inventor 20% do que cobram dos usuários pelo uso do identificador.

Enquanto não houvesse o julgamento deste recurso, uma liminar concedida pelo juiz obrigava que 10% desse valor cobrado dos usuários fosse depositado em uma conta judicial. A Vivo recorreu em seguida da decisão e essa liminar foi suspensa por um desembargador do Tribunal de Justiça do Distrito Federal. O mérito ainda pode demorar para ser julgado.

De acordo com Nicolai, as empresas deveriam pagar royalties pelo uso do sistema "há quase 20 anos".
Segundo o advogado de Nicolai, Luis Belmonte, a ideia é processar todas as companhias telefônicas no país. Em caso de êxito, o plano é buscar royalties internacionais a que ele garante ter direito.
As operadoras apontam que o reconhecedor de chamadas dele funcionava em um sistema obsoleto, que não se aplica às redes de telefonia móvel de hoje.

Hoje, o inventor mora em uma casa em Brasília, mas foi criado atrás do balcão de um bar de Belo Horizonte, do qual o pai era dono. Mais velho, se formou em uma escola técnica. Atrasou os estudos por conta do bar e por ter sido jogador das divisões de base do Cruzeiro. De sua lista de invenções fazem parte um aparelho que permite à pessoa fazer apostas de jogos lotéricos em caixas eletrônicos e outro que avisa o departamento de trânsito quando o carro passa a velocidade da via.

OUTRO LADO

A operadora Vivo negou que use o Bina inventado por Nélio Nicolai em suas linhas telefônicas. A empresa afirma que usa uma tecnologia diferente, da qual detém os direitos autorais. A empresa informou ainda que os efeitos da patente do Bina estão suspensos por uma decisão judicial, e que há um processo pedindo a nulidade do registro.

"A suposta invenção de Nicolai é posterior a outras invenções de identificadores de chamadas, motivo pelo qual existe processo em andamento para que seja declarada a nulidade da patente". A Vivo alega ainda que a patente do Bina não se aplica à telefonia móvel. De acordo com a empresa, o registro de Nicolai se refere a um aparelho que, acoplado a telefones fixos, identifica o número que fez a chamada. A Vivo, que presta serviços de telefonia móvel, afirma utilizar um programa eletrônico que não é abrangido pela patente. A empresa contestou ainda o cálculo da indenização determinada pelo juiz de primeira instância, feito sobre o valor cobrado de cada cliente pelo uso do identificador de chamadas.
"O serviço de identificação de chamadas não é -e nunca foi- cobrado dos clientes de celulares", afirma a Vivo. A empresa cita o exemplo dos clientes pré-pagos: "Neste caso, mesmo ficando vários meses sem utilizar o aparelho, o cliente continuará a desfrutar do serviço de identificação, sempre disponível, quando receber ligações".

OUTRAS OPERADORAS

A Claro se negou a comentar o caso e os termos do acordo.

A Folha obteve parte do documento em que o Nicolai renuncia a processos anteriores movidos contra a Claro e também abre mão de ajuizar novas ações cobrando royalties decorrentes do uso do Bina pela empresa. A Algar Telecom, empresa detentora da marca CTBC, informou que não irá comentar o assunto.
A Sercomtel informou que se pronunciará apenas quando houver "decisão definitiva da Justiça".

Consultada pela reportagem, a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) não se manifestou até o fechamento desta edição.
Em um documento de 2005, a agência afirma que não há "interesse público" na discussão jurídica dos royalties entre Nicolai e as telefônicas, e que por esse motivo não iria emitir opinião no processo.




01 outubro 2012

Mira: o supercomputador que vai descobrir como funciona o universo

Mira tem 78 mil processadores agrupados em 48 torres.
(Fonte da imagem: Reprodução/Gizmodo)

Quando você ouve falar em supercomputadores, já é possível imaginar uma enorme sala com centenas de milhares de cabos e torres de processamento capazes de fazer proezas no mundo dos cálculos. Contudo, boa parte deles serve a propósitos industriais ou para pesquisas bastante direcionadas. O Mira, do Argonne National Laboratory, nos EUA, é diferente e vai tentar entender o movimento das galáxias.

O supercomputador possui nada menos que 78 mil núcleos de processamento e é capaz de fazer até 10 quadrilhões de cálculos por segundo, velocidade que deve ser suficiente para acompanhar a movimentação das partículas que formaram o nosso universo.

Assim, o Mira vai criar uma simulação da dinâmica do universo desde o Big Bang até 12 bilhões de anos depois disso. Com isso, será possível conferir se as teorias atuais sobre o movimento das galáxias e da expansão como um todo são realmente confiáveis.

A assinatura de tal máquina pertence à IBM e sua tecnologia BlueGene. Fora isso, o Mira dispõe de aproximadamente 1 petabyte de RAM, o que corresponde à 1.024 TBs ou 1.048.576 GBs de memória.

Fonte: Tecmundo